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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Abismo - Occasus a lux Enimus Candelae - MMVIII (Ruídos de Degeneração em Ambiente de Funeral) Review's



 By Poet From Bahia Robinson Crausoe Guimarães Júnior

A obra está definida com sons que procuram reaproximar a existência da não existência. Nesse primoroso trabalho, onde tudo é associado a um ritmo cadente, a percepção é exigida ao máximo. Cada momento engloba uma sensação nova, um sentimento há muito esquecido, um pedaço que faz parte do nosso eu. Em Occasus a lux enimus candelae as músicas, por si só, mostram a morte do tempo, espaço, só sobrando uma sinfonia de lágrimas e desespero...
A calmaria é seguida por tons mais agudos e fortes mostrando uma flutuação de ritmos. Tudo pode se seguir a esse som, em minutos o corpo fica suspenso, as imagens que nos vem à mente são devastadoras. Uma criança arrancando vidas, guerras, mortes, cicatrizes...
O álbum é dividido em quatro faixas. O último canto cíclico do sol possui duas partes. Na primeira uma suave melodia nos envolve e nos convida para participar de um crime. Matar nossa subjetividade em prol de uma objetividade subjetiva. Em dado momento os matizes procuram deslizar sobre a pele do ouvinte, é a pureza de um estilo fantástico. Cada segundo é um lúdico jogo com as sombras que não demoram a surgir... O medo, a aflição, o desprezo... Tudo muito humano e de uma sensibilidade magnífica...

A segunda parte é de um gosto extremamente refinado. O começo tem vida, mas essa vai se esvaindo com o tempo decorrente da música. Ela morre, perde seu brilho, arrasta cadáveres, mergulha no abismo do ser. Mais adiante se nota pausas, seguidas de toques delicados A permanência da luz retida no corpo da música vai se apagando aos poucos. Lentamente nossos ouvidos são inundados de serena calma. A mesma calma que precede a morte...



A segunda música, Animarum elatum terminus meridianus, permanece como uma amostra de sutileza. Em seus acordes um som se destaca em seguimento a toques de guitarra. O toque mais brando vai se mostrando, um teclado toma conta do cenário musical. Outras notas vão desbotando as cores em volta, o desfiladeiro rompe e vai levando consigo o grito das guitarras.
Em vergo nihilum, terceira faixa do álbum, a sensação é muito forte. No inicio o som tortura nossa mente que em suave melodia nos convida ao sono mas, como num transe tribal, nos desperta em um impacto. O som desolado de um latido. A sensação é de uma coisa distante a nos atingir. E quando atingidos não conseguimos mais nos separar do modo cativante que tudo é apresentado. Despertados de nosso conforto e de uma verdade que deixa dúvidas, somos levados a um declinar racional. Em que tudo é apresentado com mais firmeza, mais nitidez. Excelente música e parte de uma obra grandiosa.
A essência desse álbum é algo que não pode ser rotulado. O artista trabalha as vicissitudes da existência, o caminhar dos elementos desprezados pela nossa consciência, o conhecimento de novos caminhos. Os ouvidos sensíveis não estão preparados para a multidão desses sentimentos. Quem não se permite ousar novas experiências fica o aviso, nada do que for escutado fará diferença, a única forma de ter um contato agradável a esse som só existe se você, caro leitor, mergulhar de cabeça nos labirintos dele.


Um comentário:

  1. Excelente resenha, psicose em frases. Não teria forma melhor para narrar toda a doença e mortes que envolvem o som do Abismo. N. War

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